sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Linda, tão linda!

Linda, tão linda!

Seus botõezinhos acionavam um ódio ronronante que eu amava! Você corria pro meu colo quando sentia ciúmes de algum amigo. Ciumenta, brava!
Só as mãezinhas sabem o quanto você era linda, charmosa, esperta!
Lembro de você procurando sol nas janelas, tentando se adaptar à casa nova que, em dois dias, ficou carimbada com as suas patinhas. Ai, Anita, suas patinhas!! Que empurravam tudo pro chão pra chamar atenção... não precisava. Era só te olhar uma vez pra perceber que você merecia atenção, você era linda! Linda!
Hoje foi estranho. Ia te pegar hoje pra vir pra casa, mas acordei com uma dor no coração, com uma sensação tão pesada... quando a notícia veio: Anita foi embora. Num dia tão bonito, ensolarado e movimentado, só consigo ficar na cama, lembrando da companhia pro sono, pro filme, pro almoço...
Ah, Anita!
Perder as coisas a gente supera, reconstrói. Perder uma amiga, um bichinho que fez tão bem pra mim, uma filhinha mesmo, é inconsolável. Sei que vou me desprender da lembrança triste em poucos dias, que irei me lembrar da sua elegância e agilidade, sorrindo... mas hoje o dia está cinza pra mim.
Queria mesmo que existisse um céu pra bichinhos, onde a ração fosse Whiskas e leite desse em rio. Lá você não sentiria dor, não ficaria doente e estaria sempre feliz, daquele jeito que sempre foi.
Pareço hoje aquelas pessoas que são bobas de tão saudosistas, que são defensoras dos gatos domésticos e de rua. E foi quando eu te vi naquela primeira foto, Anita, que minha mente abriu pros gatinhos. Eu queria e precisava de você!
Espero encontrar outro bichinho um dia. Se você quiser me ajudar do hipotético céu dos gatinhos, aceito toda indicação do mundo.


Saudade dura, doída.

sábado, 24 de agosto de 2013

Intocável.

Intocável.
Inspiração.
Tirada do inspira, expira,
do vem e vai, do suor,
do lençol úmido e contorcido.
Quero ser.
Quero sair do altar,
parar de ser luz e pura beleza,
significados de meu nome,
para ser menina moça.
Eu já sou.
Falta a crença,
a descrença da foto velha,
que mostra a marca, a fala,
do que eu era.
Do que eu não sou.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Imprevisível Leprechaun.

Desde quando ir embora é triste?
Vejo uma parte de mim saindo,
indo conhecer os lugares onde iremos
todos juntos, um dia.

Mentalizo os encontros via Skype,
desencontros encontrados e embriagados.
Já consigo ver sua touca, suas luvas e cachecóis,
nossos olhos marejados, ou só avermelhados...

Tua nova vida não vai te fazer perder essa.
O alicerce aqui é forte, nós somos fortes,
insistentes, teus amantes, que descem e rebolam.
Que tomam cachaça, trocam bala, comem banana,
no banheiro.

Digo que sou só saudades desde agora.
Nem toda brasileira é Deborah.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Morro, em cima ou embaixo.

E eu, que me resumo a coração e sorriso,
tremi com o palpitar constante dos músculos.
Descontrolados, me guiaram pro abismo da sanidade.
Caí, me tornei insana e sacana.

Andando, tentando chegar ao topo,
sendo empurrada pelas lembranças, tantas,
escorreguei e atolei, no meio do caminho,
fiquei no limite entre louca e sã.

Como se fosse um purgatório terreno,
repensei e revivi momentos, surreais.
Vida vai e vida vem, no mesmo minuto,
o irreal com o verdadeiro, uma semi verdade.

Me prendi em pensamentos mórbidos,
de morte e indignação, do abandono recente,
da vida incoerente, que nem com música acalma,
nem com cachaça, travesseiro e outra alma.

Pensava em desistir quando meus pés se soltaram.
Escalei feito um animal que escala, movimento raro.
Suja de terra, de mato e de sorte, voltei ao topo,
o ponto mais alto da sanidade humana.

Deixei a brisa me sentir, sentir meu corpo interferindo seu caminho.
Ali já não era eu, eu era a louca do outro instante.
Me recusei a sentir a brisa, troquei toques, mas não,
ali não era eu.
Eu era a doida. Eu sou a doida.

Me joguei.
Senti a insanidade entrando em mim, de forma carnal,
aguda, constante. Gostosa!
Agora eu era ela, e ela, era eu. Insanas, equilibradas.
As duas descobrindo que a loucura mantém os pés nos chãos,
sabendo que lá em cima, a sanidade fica doida pra pular.