sábado, 30 de agosto de 2014

desenrola

Pior que a minha timidez
só a dos outros.

Ô gente.

Enrolada.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

De repente, frias.
Por algumas palavras não
tão bem interpretadas.

Que falta faz uma rima,
dessas bem curtas,
pra que não sejam gastas as vírgulas.

Essas que devia ter usado
pra representar o que eu sinto.
Tão difícil representar as ideias do cérebro em poucos caracteres sem exagerar nos pontos vírgulas e etcs e ainda nesse mesmo pequeno texto dizer o que o coração sente e sem muitos poréns mas e entretantos explicar a decisão

É foda ter que segurar a mão
no texto.
Tudo é tão subjetivo.


Tem hora que nenhum sentimento rima,

sábado, 23 de agosto de 2014

O sol desceu e, BUM! Trouxe junto um nevoeiro. Choveu briga, discussão, ameaça, medo. Me trouxe temas de família que pra mim nunca existiram, não assim tão perto. Desalento, criança sem um cantinho seguro, sem "te protejo" e "fica calma". Gente sem ninho. Com o peito gritando ódio e gritando amor. Voz que mandava calar a boca por medo.
Em casa, ouvi do meu quarto mais discussão na rua. "Vira homem", "vai se foder". Grito, berro, exaltação e de novo o medo. O medo misturado com o ódio te faz virar um demônio. Desses que não se importam com quem está perto, se alguém vai se machucar. As frases absurdas precisam sair e saem logo, puxando a oxigenação cerebral. Quando ele se acaba, só o medo toma conta. Esfria o corpo com um mundaréu de água salgada e gelada.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Minha mente imagética é totalmente visual. Penso meu cérebro como um céu, que abre e fecha, acinzenta e avermelha, chove e abre espaço pro granizo. Quando as nuvens cinzas tomam conta de toda a vista, fico como estou agora, no instante desse texto: nula.

Não estou triste, nem caindo de felicidade. Estou em um momento com o tempo apertado, muitas entregas com o prazo vencendo e pouca energia pra fazer valer a insônia.

Que este céu se abra pela manhã!


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Texto postado pra eu ler em dias abertos.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"Quantos pratos serão necessários?"

Na casa de Pinda somos em cinco. Meus pais, minha irmã, meu irmão e eu. Não somos muito de viajar (na realidade, somos. Nos falta tempo quando não falta dinheiro), saímos bastante juntos e gostamos de programas de gordinhos, com muita comida, vinho e cerveja. Quando penso em sangue, gordura e bacon, penso em jantares na madrugada, feitos pelo meu pai, devorados por todos nós.

Um dos programas que gosto de fazer em família é ir ao supermercado. Com meu pai, na verdade, é ele quem faz as compras da cozinha. Anteontem, fui à um atacadista com ele, um dos vários que inauguraram esse ano na cidade. Ele é um ótimo ouvinte e sabe me prender nas histórias que conta. Falamos sobre a vida, sobre paixões, sobre amor, sobre carreira e, finalmente, sobre comida. Decidimos que seria noite da pizza em casa e começamos a comprar os ingredientes. Catupiri, Cheddar, 3 pacotes de massa pronta, Azeitona chilena (a número um nos assaltos à geladeira), Atum, Muçarela, Bacon... enfim, tudo aquilo que faz uma pessoa em sã consciência amar o poder da culinária.

Não bastasse a beleza dos ingredientes, meu pai decidiu comprar novos pratos. "Pratos para a pizza ficar mais gostosa", ele disse. No corredor deles, vimos uma pilha de uns tão branquinhos, com detalhes moldados nas bordas, lisos, rasos, lindos. Nos imaginamos cortando as pizzas neles, pegamos umas facas e forçamos o fundo para ver se os riscos surgiriam caso a massa passasse do ponto. Testado. Aprovado! Meu pai, então, me perguntou: quantos eu pego? Quatro ou cinco?

Silêncio.

A simplicidade daquelas palavras me deixou clara a dúvida que existia em mim: a fé que ele tem na filha é tão grande, que parece óbvio perguntar se quero um prato só meu. "Ela não mora mais aqui", ele deve pensar.

Naquelas frações de segundos, percebi que voltar para casa é uma opção que definha a cada dia. A estadia 'para pensar no que fazer' é agora, nesse tempo de visita. Minha casa é a casa dos meus pais, a casa dos meus irmãos - temporariamente.
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"Quatro pratos, pai. Eu prefiro aquele que tem em casa, de porcelana com a borda azul. Também não risca e é maior", falei juntando o punhado de facas que usamos para riscar os pratos, deixando cair uma lágrima e outra no corredor das louças.
Hoje eu acordei com um peso no peito.
O peso da inverdade que me distancia.
É que me pareces tão imaculado, tão correspondido,
que travo somente na ideia de pensar em 'ter você'.

Não posso mais julgar ninguém do meu passado
pela filhadaputagem e desculpas mil.
Tenho feito com você a mesma coisa,
mas sem pensar, sem querer ferir.

Isso não é poesia, é uma tentativa de desculpa,
não tem rima, nem simetria.
Só Endiara desesperada porque dormiu demais,
e porque não teve coragem.

Coragem de desistir da perfeição
pra aproveitar o tempo.
Ao seu lado, com abraço, carinho.
Timidez, conversa, beijinho.

Admito, hoje, que sou toda errada.
Aposto que, se me ignorasse,
estaria investigando porque não gostas de mim.
Admito também gostar de você.

E da ideia de pensar em almas que se combinam
(não gêmeas, nem que se encaixam).
O que te disse sobre pessoas que nos fazem bem era sério.
Você me faz um bem incrível, menino.

Me fala onde está que vou até você,
com um abraço e um beijo,
uma amizade infinda e, claro,
essa alegria foda que me enche o peito quando estou juntinho.

Me desculpa ser tão confusa.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O tempo e as coisas

Me lembro de chorar, amargurada, por não ter esperança.
Me tranquei no quarto e chorei, de berrar, que não existia motivo pra persistir.
A casa, os gatos, os gastos.
Tudo indo, partindo de supetão, roubando pedacinhos de mim.

Sem chão, corri para os braços de meus pais.
Sem chorar, pedi para ser observada.
Sábios que só eles, tendo-me na palma de suas mãos,
me lembraram que cada um tem seu próprio brilho.

Mesmo o meu tendo saído dos olhos há um tempo,
um misto de insistência e amor próprio pulsavam no meu peito.
Hoje não sei definir se é uma espécie de fé em mim,
em um Deus ou nesse céu tão azul que observo agora.

Sei que o mistério que me fazia chorar já foi embora:
engoli com coca as palavras feias, vomitei com vodca as palavras precisas.