terça-feira, 30 de setembro de 2014

Noite de sexgunda- feira.

Como em um pesadelo,
ao abrir minha janela você entrou.
Trouxe seu amigo,
queria uma suruba,
um ménage à trois.
Me pressionou,
me rondou, cheguei a ponto de me espancar
pra te afastar.
Neguei, e com força
você me chupou.
Como em Kill Bill,
havia sangue por todo lado.
Tentava te parar,
mas o descontrole que você me põe,
me deixa louca.
Mais louca.
Enquanto tento te esganar,
aparece uma tropa,
com o pequeno tubinho ereto.
Se não soubesse que é impossível,
te juraria que fui descabaçada
por uma nuvem de mosquito.

Filho da puta.
Foi embora reclamando
"Que SBP maldito!!".

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Escrevo hoje para mim.
Não se deixe fragilizar
por palavras tão jurássicas.
O homem - seja aquele com
linguicinha ou aquela que
se enverga com medo da
calabresa - às vezes é cego.
Às vezes prefere perder o amigo,
sem saber qual o fio da meada,
que engolir uma piada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

no travesseiro

O impulso, a culpa,
a culpa posta sobre os outros,
o xingo, a incapacidade...
respira...
abstrai.

O ódio, a fofoca,
a vontade de desistir,
a falta de querer, a imobilidade...
respira...
abstrai.

A cegueira, o não discernimento,
o pulo da ponte,
o soco na cara de quem não entende...
respira...
abstrai.


É tudo questão de
olhar pros lados.
Perceber que somos um pedaço
do Mundo,
de todo mundo,
Se a corda arrebenta de cá,
alguém se esfolará de lá.


domingo, 14 de setembro de 2014

o (pouco) tempo
que nos dei
foi dividido em 3,
por quem
na arte de somar,
só subtrai.

se eu te mostrar
o produto
que nos restou,
menino,
irá atrás da raiz,
na (doce) tentativa
de reconstruir.

hoje é domingo.
não conhece a tradição?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ouvir mais do que dizer.
Como disse Filó,
o tempo pra falar parece
mais curto
que o tempo de escutar.
Toda boca é ansiosa
pra contar.

Ouvir mais do que apontar.
Quando a gente aponta,
a gente evita.
E, evitando,
perde-se o prazer
que é
mudar de ideia.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

adubo

O ruim do tempo é que ele te dá escolhas,
te faz matutar cada pedaço de vida vivida,
te enfia enchimento adubado - puro esterco.

Coisas ruins surgem com o tempo.

gasto.
nas horas que às vezes passo
pensando.
na ordem, na maiúscula, na sua,
escrita. [digita]. [...].
O problema da internet é que ela te aproxima
as almas do mundo
que são por um tempo
pedaço da sua,
online.
Teu detalhe escapa da memória,
a imagem ao vivo na tela [travada]
não reforça,
nem o áudio e
reinicia, reinicia.
reinicia...
Dos dois, prefiro o retrato,
o revelado que finge estar perto quem é de longe.

se não for pra ser,
tudo bem, não será.
até que
rasgar
é bem melhor que deletar.



Viva bem
- sem adubo.




quinta-feira, 4 de setembro de 2014

poesia pras mãos

olhos, nariz e sorriso.
inocência vestida
mas nua.
o beijo estalado.
tato lento
ansioso.
me pediu que falasse delas e
mais uma vez
disse que escrevo melhor
do que digo.
digito este
pra representar dois dias.
conhecendo
na penumbra
você.

poesia pras mãos,
dedicada às suas.