segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Apuração final.

Foi surreal o barulho que essa Eleição fez. Pela primeira vez me senti vivendo de fato a época de campanha, cheia de golpes, de "levianas", de documentos que deixam de existir. O que mais me incomodou foi esse ódio sem fundamento contra quem se manifesta politicamente: "vá ler mais", "vá estudar mais", "votou no PV porque é maconheiro", "nordestinos não pensam, nem deviam votar", "Esse povo é burro!", "Vou sair do Brasil!!!". As pessoas escrevem, falam, compartilham imagens, vídeos. Tudo que vem delas é mais interessante, tudo que é delas é mais importante. A pressa é maior que a dos outros, só porque são elas! "Morra, tucanada!!!!!", "Fora PT e seus corruptos!!!", "Privatiza!", "Legaliza!".

Todo mundo acha que é sábio, que é sabido,
que seu posicionamento é importante,
criador de tendência
(inclusive eu).
E são,
e somos (TODOS).

Cada ponto nesse texto é importante, a cultura que adotei como minha, o contexto em que me encontro agora, o contexto em que fui criada.
Negar a importância da veracidade é como passar por cima das ideias do outro, é negar que o contexto em que ele se encontra é tão importante e único quanto o seu, simplesmente porque é dele.

É como querer medir problemas: "EU estou mais fodida!". NÃO.
Temos que entender que os momentos de dificuldade de uma pessoa com câncer e de uma que teve o carro roubado tem a mesma intensidade, simplesmente porque as pessoas são diferentes, suas forças e fraquezas também, seus valores também, sua estabilidade emocional também.

Com relação às Eleições, negar a fome do outro é PREOCUPANTE (já passou um dia sem comer? e uma semana? e um mês? e uma vida?). Como se consegue negar que a legalização do aborto e a criminalização da homofobia (pautas esmagadas na campanha do segundo turno) não são urgentes? não dá. Muitas áreas precisam de modificação no Brasil. Umas, pela pressa, serão vistas antes das outras, mas a peteca não pode cair. Esses nossos pequenos textos, mesmo que lidos rapidamente, são importantíssimos pra que essas pautas, essas vozes, esses problemas, sejam expostos, para que as ações do coletivo, dos pequenos e grandes grupos criem forças para irem às ruas, assumirem postos de liderança divididos em várias vozes, vários credos. Que as realidades entrem em conflito sim, mesmo que as palavras pareçam flatulência saindo da boca de um cidadão em debates eleitorais, as pessoas precisam ver o tanto que a necessidade de modificação é urgente!


Cada texto faz sentido, cada luta tem sua força!!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Efemeridade do quarto parte I

Apertei seu ON.
Nesse click você piscou,
durou,
achei que fosse pra sempre.

Acabou e pus outra em seu lugar,
mais forte, mais potente,
mais iluminada.

Não deu duas semanas e
lá vai
você, de novo.

Foram tantas você's!
Tanto reconhecimento do espaço,
tantas noites em claro.

Sua luz, repito,
era forte.
Você's são difíceis de bancar.

Ontem mesmo,
era você aqui
em cima de mim.
Atrapalhando meu sono.

Hoje é você naquela caixa,
com o fio pendurado,
pretinha de queimado,
difícil de descartar.


Lâmpada,
não se vá.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

o outubro rosa daqui.

engraçada a concepção de corpo
que injeta, investe no sutiã,
nos 300ml, no M,
numa 'mãozada' de teta,
de bunda,
de hímen(s).

_
o baque do câncer.

talvez, durante o processo,
a noção da teta passe
do mamilo duro
desse seio do sexo
para a mama,
a teta parte do corpo.

perde-se o zelo
pelo decote,
se devolve o zelo
pela vida.

(re)constrói um tipo de segurança com aqueles,
que da sua maneira,
te querem presente.


Existe uma luz rosa
refletida nos prédios,
com passado (tão presente!) marcado
pela história não tão
rosa, daqui


que me traz sempre uma sensação
(nível máximo do subjetivo no texto)
clara e aguda,
que vem do estômago.
uma esperança linda
em pensar que



quando o seio for parte do corpo,
o cuidado antecederá
a preocupação com a aparência.




A prevenção,
feita em um dia
entre os 365,
esmaga a chance de um dos tipos
do maior 'tirador' de amores
da vida da gente,
levar mais um.

domingo, 12 de outubro de 2014

Autonomia

Enfrentar um relacionamento

O foda dos romances é o que se vende neles. A primeira pessoa que nos completa (às vezes em só uma questão) tem potencial para se tornar o amor da nossa vida. Ao longo do tempo os erros surgem, as manias não são mais bonitinhas e a paciência fica zero. O sono quando se divide a mesma cama para de sumir, a insônia só existe pelos pensamentos negativos que surgem exatamente por estar ali.

Que fique claro: nenhum dos dois é culpado pelo cansaço. A culpada é a rotina dividida entre pessoas que não se combinam, mas que estão prontas pra dar amor.

Pode parecer infantil, mas eu acredito no amor que surge de cara, no momento exato do 'muito prazer'. Pode não ser exatamente amor o sentimento que surgiu ali, no momento em que se conheceram, pode ser um comichão no corpo todo ou uma nuvem de borboletinhas tentando sair do estômago, varia sempre mas nunca larga o lado clichê. Quando se ama de cara vale a pena arriscar. Não tem tanta insegurança e, se tiver, é pelo bem do possível futuro relacionamento. Existe aquela saudade e também a pré-saudade; a segunda, no caso, é a que mais me comove. Ela me joga na cara o tanto que meu coração precisa sentir o coração da pessoa que, quando eu penso, não tem cara, nem corpo, nem nome. Mas sei que já respira nesse mundão.

Fiquei pensando nisso o dia todo!

É difícil perceber que se está em uma relação por convenção, alimentada por duas vias de convenção e desgastada por essas vias da convenção (excesso proposital da palavra). Quando penso nela, na cabeça me vem logo a autonomia e o enfrentamento existente em relacionamentos onde o dia-a-dia é dividido.

A rotina à dois te tira a autonomia. Salvo as exceções (que deviam servir de regra) onde a rotina é equilibrada e as vontades bem divididas. Porém, nos casos sem autonomia, a simples escolha do almoço é complicada, o tempo que se fica na cama é uma incógnita, as vontades de fazer ou não fazer vão pra baixo do tapete por preguiça de discutir sobre coisa alguma. É preciso pensar demais... aí, o doce do amor fica perdido. Não há tempo pra amar aquilo criado na sua mente. É preciso amar aquilo que se sente! Se a maior parte do tempo é consumida pela dúvida e insatisfação, ali não existe amor. Só a rotina, a "compliquês", o "confundismo".


Vale a pena acreditar no amor.
Só não vale a pena esperá-lo e acabar se confundindo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O lindo se torna chato quando a via é de mão única. Faço com minhas dívidas o que faço com os sonhos ruins. Faz de mim um bar, onde cigarro e comida são de graça. Hoje sairei sozinha, pra relembrar como é boa a vida, quando a solidão não é minha sina.

sábado, 4 de outubro de 2014

E me perguntou:
porque falta tanto???? o que você faz quando não vai à aula, Endiara?


AH!!!! Eu vivo.
(a resposta não saiu)
Eu vivo e sofro.
Às vezes,
vivo e trabalho.
Tomo banho,
como,
leio, estudo,
em casa.

Me formo como pessoa todos os dias,
sem diploma, sem chamada,
sem avaliação medida em número.

O comprometimento me pega quando o interesse do professor é crescer ao mesmo tempo que eu, entendendo a particularidade de todos os alunos, o tempo de aprendizado de cada um deles.

A questão do pânico ainda é vista como 'preguiça', falta de força de vontade ou vergonha na cara. Quando se trata de apontar os dedos e bater no peito dizendo "EU SOU O REI DO MUNDO", a "auto rasgação de seda" triplica. Me cansa.

Tem dias que não saio de casa por medo. Não me levanto da cama porque estou ansiosa demais e às vezes eu nem sei porque. Às vezes eu sei porque e por isso saio de casa pra ver a vida, mesmo que da minha calçada. Quero ser avaliada pelo bem que causo no mundo e nas pessoas.

Que se dane minha presença ou burrice na encheção de linguiça. Que se dane aquela falta de vontade de se importar - de verdade - com o outro e seu distinto dia-a-dia. Que se dane toda aquela futilidade pra "bombar", o medo do tanto que a reclamação no Facebook fez sucesso. Não ligo pra esse sucesso. Ligo para o medo que as pessoas tem dessa fama sem nexo:

-- Algum parafuso
daí
caiu,
favor recolocá-lo
pra que seu discernimento
seja reabilitado --

Que esse pensamento persista em minha mente.
Porque é difícil acreditar no mundo
quando o tempo todo tem carniça te rodeando,
dizendo que o sucesso é inovar, fazer sucesso, se sobressair.
Para que? Para quem? Se for para o bem, amém.

Inovação em um mundo "arcaico",
pra mim,
é zero.