sábado, 29 de novembro de 2014

(c)oração de sábado.

Que nossos corações criem olhos
e os abram para o mundo.
Que enxerguem as almas parecidas,
pra que o caminho a dois seja
leve e sustentável.

Que nossos corações criem pernas
e as usem para a distância.
Que corram rápido contra o tédio
do desprazer da convivência
inquietante por conveniência.

Que os braços sejam leito
pro amor que está por vir.
Que não sei se já respira por aqui
ou por qualquer lugar,
que não sei se é um ou o outro.

Que minha mente me ajude na
proeza que é viver na função
de realizar sonhos projetados,
pela sociedade ou pela versão
de mim que é passado.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A depressão da minha vida.

O depressivo é aquele seu amigo que some no meio do rock, ou aquele que nem vai, mesmo depois de passar dias combinando contigo.
O depressivo toma pau na Universidade, é o vagabundo dos professores, o desorientado do coordenador, aquele que 'não rende' porque falta demais.
O depressivo pode passar dias dentro do quarto sem ver um vídeo, escrever uma letra, ouvir um pio.
O depressivo podia ser você, mas como não é, você o tacha de preguiçoso e mentiroso, ignora os níveis de criatividade e de criação, abafa qualquer desenvolvimento fora de aula, desanima cada fio de cabelo do indivíduo, depois diz que foi culpa dele, "ah, aquele vagabundo".

Rola uma ignorância preconceituosa contra nós. Pessoas jovens não tem motivos para se entristecer, pessoas que já conquistaram a Universidade não tem tempo para frescura... Cara, eu já ouvi tanto 'achismo' sobre a minha condição, que já me acostumei com o fato de ser sempre comparada com aqueles que rendem bem, rendem mais, conseguem manter os 'contatos para bussiness'. O mundo vive comparando.

Não fico triste por ser triste ou por ser sofrida, eu não sou. Mas uma parte do meu dia é down, e é nessa parte do dia que eu não consigo 'render'. Os outros precisam entender que não é frescura, não é desculpa, são meus níveis de noradrenalina e serotonina alterados, que me tiram aquela sensação de bem estar, de segurança, de confiança. Se funciono bem com passinhos lentos, esses eu darei, é meu ritmo que quero seguir, mesmo que eu demore o dobro.

Chorei demais na semana passada. Foi um choque o tanto de notícia ruim, o tanto de tapa na cara de quem não sabe avaliar ninguém a não ser pelo 'rendimento' em sala... aquele rendimento que tem a ver com a sua cara e o que acham dela, se vai à aula ou não, mesmo levando dois ou três colegas de sala nas costas. Tem gente que enxerga o que quer e compara como quer. Obrigada, Universo, mas prefiro não ser assim.

Apoiem seus amigos 'fujões'. Pois para os outros, não basta considerar aquele amigo um E.T., é preciso excluí-lo.

domingo, 9 de novembro de 2014

Como sacola plástica,
vaguei a vida com o vento,
travei em bueiro,
me molhei de merda,
parei na barriga da baleia
e jorrei quando ela encalhou
na praia.

Fui catada por um cara,
que me colocou em uma lata
grande e fedida,
dividida com fralda e absorvente,
e disse que ali era meu lugar.

Sem amor, sorriso ou alguma coisa que me tire esse peso do peito. Me orgulho sempre em dizer que sou feliz e só agora reparei que não. Às vezes meço errado minha alegria.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cara, que cansaço.

To sem rima pra dizer o cansaço que está,
a monotonia morna nude bege
que estava o meu dia.

Antes fosse o dia.
O mês, o semestre.

Um ritmo cansativo,
variando a vida entre muito e pouco.

Criando laços sem sentido.
- baseados em quê?

Depois ver esses laços,
aquele com a batata mal lavada,
o outro com a cara amarrada no retrato.
Cada dia mais birrento.

Desprezando o que há de novo,
desprezando o que há de espontâneo.

Um pecado dizer que hoje foi perdido!
Não, hoje não foi.