quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pingo no I

O amargo da ressaca foi a primeira coisa que ela sentira. Um vizinho colocou Motorhead pra tocar no volume mais alto e, quando a insanidade do dia anterior voltara à cabeça, ela entrou na página maldita. Era dele. De novo ele dizia que ela sofria demais, pensava demais. De novo ele vinha com fé e esperança. Parece que ele ainda não entendeu o problema, ou a dor que isso causava nela todo dia, ainda mais nesses dias, ainda mais nessa semana. Se ele contasse os dias e os meses, entenderia a perda de controle. Se ele contasse a verdade pra muitos, ela deixaria de ser um passado pesado, e se tornaria só um passado triste, mas que de vez em quando o abraça como alguém do presente, ou uma conhecida do futuro. Ele devia parar de olhá-la de cima, devia parar de filosofar sobre isso e dizer mentiras blasés sobre o que se passa na cabeça dela. O melhor assunto não é a vida dela, e sim, o coração nômade dele.


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http://endquepensa.blogspot.com.br/2011/05/e-o-amor-nao-volta-mais.html

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Assistindo a vida não andar pra trás.

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