domingo, 22 de setembro de 2013

Na pixxxta.

Doou o corpo pra pendurar grife,
nem cobrou, não 'preçou'.
Tem desfilado pela rua.
Para em bares, para a avenida.
Bloqueia os carros passarem
com o peito de borracha.
Anda devagar no asfalto esburacado,
grudando o salto na faixa,
remexendo o cabelo amarelo,
oxigenado, 40 volumes, 30 minutos.
Fotografou de lado, com o copo colado,
de uma bebida que brilha no neon.

Deu tchau pra galera, entrou no táxi,
pediu desconto quando saiu.
Tirou o salto, desceu as meias,
subiu o morro, cansada.
Arrancou os cílios postiços,
lavou a cara com água gelada da torneira.
Limpou o salto na pia,
deitou de touca, "ainda é sexta".
Puxou o sofá-cama,
acordou sua irmã, colega de sala.
Deu 'boa noite'.
Se afogou em pensamentos fúteis,
dormiu.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Perdido em um caderno, o pessimismo do passado, hoje intitulado de ERRO poético.

"Desacredito no único, na única, no desejo em comum de estar junto, incomum sensação pro outro, comum sensação pra mim, nessa via de mão única no carinho, no querer, na ligação do corpo. As nossas músicas não eram nossas, tinha mais gente no nosso, no meu que você não vivia, não viu. Mudei, envelheci de dentro pra fora. Me magoei com a falta de tato, de luta pela causa [que só eu via razão]. Pra você existiam várias delas e pra mim, a causa era você...  que continuou sendo [do sofrimento], mentindo. Com tristeza eu me curei, esqueci os erros cancerígenos, tornei o nós em um novo eu [sem fé em outros nós]. Olhar duro, sem expressão. Cabeça cheia do vazio da angústia, desacreditada. Como sem sentir o gosto, bebo sem sede, ando pra não minguar, converso pra não emudecer, nem perecer. Acredito unicamente na intensidade das coisas que vivo, razão do meu penar e, principalmente, do meu amar, meu amor."

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Miaula.

Todo carinho deve ser aproveitado, mesmo que seja rápido, deve ser ronronado. Que a raiva tem que vir seguida de mordida, arranhão e orelha em pé. Dormir é essencial, de preferência no escurinho, depois de muito carinho. Leite é banquete, ele bem gelado num dia quente. Cocô e xixi devem ser tampados, escondidos. O tempo de resguardo no próprio canto é necessário, pra que a vida não fique repetitiva nem cansativa. Tomar sol é bom e se sentir limpo também. Tudo que emite som deve ser percebido, perseguido e curtido. Sexo não precisa ser silencioso, nem obrigatoriamente feito na cama e é natural um ou dois vizinhos reclamarem. Mesmo que aja uma pulguinha atrás da orelha, pular é preciso! Rasgar, desfiar e arrebentar coisas também. Feline-se!

Fé no Vale.

Era pra ser.
Só não foi porque ele travou,
me deixou na mão, quase saiu pela boca.
Meu rosto já estava vermelho,
meu olho também.
Só via você tocando,
muito cabelo, um boné.
Não gosto de bonés.
Minhas mãos suavam na última lata de cerveja (quente).
Era noite e estava calor,
tinha um parque de criança,
"criancei", suei.
Não dei atenção porque não vi necessidade,
o céu estava limpo,
a lua de frente pra praça.

Não se assuste, não me apaixonei.
Só estou chateada pelo meu coração,
mais uma vez,
ter me deixado na mão.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Parece pra ele, mas é pra ela.

Maltrata-me demais esse seu sentimento ruim,
Tira-me o sono, que é meu e não uso, por você.
Tento te convencer a enxergar a raiva que sinto de mim
por pensar que estou com raiva da forma como se vê.

Passe os olhos no que eu disse,
Não veja a maneira, mas o conteúdo.
Que nem um pouco é burro, ou palpite,
E nem é um artigo, ou estudo.

Preciso rever a chama alta, luzente,
Que de certa forma se perdeu no achismo.
Falta preencher-se, botar o fogo pra frente,
Senão a fogueira vira cinza, voa e cai no abismo.

Não quero ver amigo meu caído,
Se sentindo perdido, sentindo que perdeu.
Nem quero ver-te se sentindo retraído,
Isso acaba, é fase, conosco já aconteceu.

Quero fogo, não fumaça.
Isso dói, mas dê-lhe um tempo...

Passa!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Hoje meu coração sentiu sua falta.
Ainda não lavei a louça desses últimos dias, nem tirei sua caminha do lado da minha. Derrubei sem querer sua bolinha, e os sininhos me fizeram chorar a tarde toda.

Algumas pessoas já vieram me dizer o quanto isso parece loucura, falaram que você foi só uma gata. Mas, Anita, você sabe o que foi pra mim, né? E te perder... me deixou tão vazia, incompleta, sozinha. Tenho dias bons, onde encontro amigos que me abraçam, que entendem a falta que um bichinho faz. Nesses dias eu dou risada me lembrando do seu ciúme do meu notebook e da cara de safadinha quando olhava a câmera apontada pra você.

O luto não é feio. É chato pra quem nunca sentiu necessidade de colocar isso pra fora.


Saudades, Anitinha.