"Por enaltecer a alegria, choro quando me sinto triste.
Até confundo deprimida com depressiva.
Por gostar de dar risada, lacrimejo de boca fechada.
Até confundo sonhar com sofrer".
Não entendi minha tristeza de hoje. Dormi por mais de 20
horas, fiquei presa em rodoviária, editei, gravei, editei mais. Fiquei pouco no
facebook, brinquei com a gata que restou no casarão, e chorei. Chorei tanto que
tive tempo de pensar em registrar meu choro. Me ver me fez pensar:
peraí, o que eu sinto que é tão triste?
E chorando, eu penso que minha vida vive em torno de
pequenos momentos felizes, que se perdem na memória quando eu fico triste.
Nesse momento, se eu me lembrar dos instantes mais bonitos, vou chorar mais.
É como se fosse uma TPM que vem com o choro. Bati o dedinho
do pé, cortei demais meu cabelo, tirei “pelinha” do dedo da mão, eu choro.
Decisões importantes, momentos decisivos, eu fujo (chorando). Peguei a mania de
me esconder. E a vergonha de me esconder me faz chorar.
"Nada está completo, mesmo minha vida estando repleta
De sinceridade, de paz,
De reconhecimento dos pais,
De alegria acadêmica.
Seria minha tristeza, um amor pela polêmica?".
Ontem fez quatro anos que um cara tentou me estuprar.
Minha vida tem tanto dessas tragédias. Minha cabeça bloqueou tanto esses fatos, que minha tristeza vem silenciosa nos 'aniversários'. Em São João eu me sinto sozinha, segura por morar só com meninos, mas sozinha pra conversar sobre isso. Já fiz terapia, tentei falar com família. Tentei desastrosamente desabafar com ex namorados (quando eram atuais) e a reação sempre era: "e o que isso tem a ver? Já passou". Sim, já passou, mas o que deixou em mim eu ainda não superei. Ou não quis superar. Será que ainda tenho o que aprender com o que passou?
"Espero que um dia entre pela minha porta a paz,
em forma de gente calma e companheira,
que me faça lamentar, chorar, berrar,
pra que no outro dia, ela ainda leve e do meu lado,
me faça perceber que o que eu gritei foi o passado".