segunda-feira, 16 de junho de 2014

Cicatriz.

Brigar é igual tatuagem de gente hiperativa! Coça, é cutucada,  machuca e cicatriza errado. Insatisfeito, o cara retoca, cobre, mas o ciclo volta na coceira, cutucada.......
Nos últimos dois meses eu vivi em uma tatuagem mal feita, mal pensada, que coçou, cutucou, machucou e cicatrizou errado. Quando a correção foi feita, a dor ficou intensa e a vontade de coçar voltou ainda mais forte. Pra não cutucar, fiz compressa de gelo, evitei pomada cicatrizante e me alimentei direito.

O gelo é uma ótima alternativa. Há muito tempo meu pai me ensinou que o silêncio, em certas situações, é a nossa melhor saída. Não para fugir dos problemas, ou se abster de opinião, mas pra conseguir ouvir os passos que está dando, ainda mais quando os passos não são só seus.
A esperança do rasgo no peito cicatrizar rapidamente é tola. Não existe vantagem em acelerar o processo de crescimento que a dor traz. Às vezes é bom sofrer, é bom chorar, sentir raiva, gritar, espernear. O ruim é culpar os outros pelo seu próprio sofrimento. Você pagou o tatuador, ou escolheu dar os passos com aquelas pessoas. Você, junto com eles, é um dos baldes d'água que encheram esse moinho de novidades desastrosas.
Alimentação! Um corpo bem alimentado não se exalta com facilidade. Não amarga a boca, não corrói o esôfago, não constipa. Um corpo com fome fica triste, deprimido, com ódio, com raiva e, pelo cérebro não estar acostumado a receber essas informações insatisfatórias, ele não admite que tem agido assim, dessa forma tão instintiva, crua, mal pensada.

Me ausentei da boca do furacão por medo de morrer queimada com as paLAVAS. Não queria me queimar com frases mal pensadas, vindas de pessoas que já tanto quis. Em nenhum momento me senti covarde, só me senti sensata: estar perto dos amores da nossa vida é sempre uma atitude esperta e prazerosa. O bom de estar aqui é que não preciso repetir o problema e as possíveis causas como um mantra negativo, eu simplesmente posso viver tudo o que vivia perto do furacão, mas sem ouvir palavras que escaparam no meio da noite, descontroladas pelas incertezas nunca questionadas diretamente pra mim.

Aquele papo: é fácil "falá", difícil é "fazê". Tenho tanto a aprender, mas o que já concluí nesses dez dias longe da lava, foi que não adianta falar e falar, impor e impor, chorar e chorar, sem saber o tanto que as palavras são um perigo. Amor, ódio, falsidade, decepção. O que é desamor pra mim, o que é o ódio pra mim... varia tanto! Depende tanto!! Imagina pra cada um, imagina chegar a um consenso. Não existe e, por essa inexistência, nossa linguagem física é de extrema importância. Nossa presença, nossas atitudes em silêncio, em pensamento, em energia. Palavras que, culturalmente, depreciam alguém ou alguma coisa, trazem imediatamente uma energia pesada, uma azia que só sai com vela vermelha e preta.

Se você sabe de onde vem essas palavras e essa frustração, se sabe que já tentou a seu modo esclarecer as coisas, o distanciamento das situações e pessoas facilita a cicatrização, o entendimento do problema. Nada melhor do que o silêncio pra entender onde errou e onde erraram.

Meus textos nunca se finalizarão com maestria porque a gente nunca tá pronto pro fim. "A gente aprende a viver pra morrer". Até lá, espero não ficar satisfeita com meus textos porque, assim, vou entender que ainda estou em processo.

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