A luta diária do feminismo às vezes desgasta.
Cria rixa,
asco,
raiva,
almoça sal grosso e suco gástrico.
Gera medo,
na rua,
no busão,
janta suor e palpitação.
Engraçado é ainda ler tanta manchete falando sobre a pureza da mulher de Temer (seu nome surge quase sempre no segundo parágrafo - Marcela). Bela, recatada e do lar. Nós, mulheres, sempre queridas quando mudas, loiras, lisas, peitudas, bundudas, companheiras, mães, cozinheiras, cheirosas, depiladas, sexy sem sermos vulgar. Nós que, solteiras, somos "sapatões", loucas, descontroladas, mal comidas, cheias de louça pra lavar, caçadoras de macho, aproveitadoras, incompetentes e, mesmo quando em "bando", sozinhas.
Nós, que ainda julgamos outras mulheres por suas escolhas, outras, que ainda acham que o feminismo prega a dominação da mulher sobre o homem, precisamos nos abraçar. Mulher é gente, assim como o homem é gente (mesmo que alguns insistam em não parecer). Mulher também sente tesão, mulher pode gostar de mulher, mulher pode sair pra beber e voltar de madrugada, mulher também pode assumir a presidência, mulher também pode querer ser a primeira dama.
Precisamos explicar pras outras e pros homens, que existe luta! E ela é a favor da liberdade REAL da mulher. Não podemos nos encaixar em padrões criados pela indústria massificadora - grandes empresas, mídia, políticos -, não podemos nos sentir confortável com esse tanto de regra cagada especialmente pra nós.
A mulher PODE e DEVE escolher o que e como quer ser na vida. E, se perto de você existe uma mulher não empoderada, uma mulher evidentemente presa no julgamento dos outros, abrace-a, dê a ela uma flor, um sorriso, um "tamo junta". Precisamos nos salvar do desgaste.