terça-feira, 21 de março de 2017

Poesias são romantizações transtornadas psicologicamente e melancólicas

Hoje eu li uma coisa dizendo "transtornos psicológicos não devem ser romantizados" e outra ligando os transtornos a uma certa "melancolia poética". Claro, as duas não foram jogadas assim, cruas, mas o ponto não será esse.

O ponto parte daqui.
Há anos eu escrevo nesse blog. Seguindo a linha do tempo, percebo que todas as histórias foram escritas em tom de desabafo, um diário que eu esperava ser lido por alguém, mas quanto mais distante esses olhos de mim, melhor. Percebo também, que a maioria das histórias (ou todas) eu não contei pra ninguém. Pra ser mais sincera, o que tem de mim aqui, o que tem de verdade, de desabafo, é muito maior do que já presenciei em todas as minhas conversas - e como capricorniana, preciso jurar que foram muitas.
O silêncio me faz triste. O não ouvir com o coração torna as pessoas reféns de outras que, em qualquer lugar, se sentem assim também e estão bombeando ouvidos. É assim que eu percebo muito da minha ansiedade, da minha insegurança, da minha forma de fugir de todo mundo, querendo, assim, afastar o que sai da minha zona de conforto. O ao vivo me estraçalha. O me ouvir por obrigação me arrebenta.

Escrevo e
Lucidez volta.
Dia pálido,
que é triste e ranzinza,
quase abre - em dias otimistas,
tem sol e sombra d'árvore.

A arte tem esse poder de preencher com o esvaziamento. Esvazia aqui, enche ali. Não acho romântica a ideia da melancolia poética, porque ela pode ser condicional. Mas daqui, desse ponto, meus transtornos são dias tristes muito produtivos. São dias que desabafo (às vezes falo sozinha) e verbalizo o que estava sentindo. Doida a vida, né? Por isso meu medo de aprender a conviver e, nesse ritmo, romantizar as ideias tristes, seguir escrevendo dor para quem estiver de passagem pela minha página. A liquidez das relações me arrepia.

Quem sofre de qualquer melancolia tem sempre "segundas-feiras", dias de criar listas e concluir metade dos itens. A mudança vem da gente, mas o caminho da "alta" não precisa ser feito sozinho. E mais uma vez, daqui desse ponto, é onde mora minha dificuldade: se nem você sabe o que fazer, como pedir ajuda? É onde a gente torce pela estabilidade mental dx amiguinhx companheirx e diz o que?

É como fazer terapia por 10 anos e ainda se perguntar quando terá alta. É como tudo isso escrito aqui: concluiu, bacana, e aí? Qual próximo passo?


Por aqui, a esperança de um dia menos agitado (por dentro).

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Todo mundo tem poesia nuszói!

Um comentário:

Pedro Inácio disse...

Uau, End. Que desabafo bonito. Bem "Nome Próprio".