terça-feira, 1 de maio de 2012

Não quero rodear ninguém.

Ela não pensou em nada. Na verdade, havia tirado o final de semana pra descansar a mente e trabalhar o corpo. Saiu a procura de gente pra conversar e álcool pra virar. Tinha companhias excitantes, com um papo delicioso e uma trilha sonora que a fazia lembrar de quando era adolescente e nenhum problema no mundo existia.

A liberdade que ela sentira no momento em que ele a puxou foi estranha. O tempo inteiro ignorando o interesse por pensar demais nos bons costumes e na moral, e com um puxãozinho tudo foi por água abaixo. Da garagem ao corredor, muitos tropeços ao desabotoar a camisa e tirar os sapatos de um jeito afobado. Quando entraram no quarto, ela pensou mais uma vez em tudo que poderia acontecer... nas ideias que teriam, no jeito egoísta que as pessoas olhariam a história... Mas se lembrou que o ser humano só é feliz quando assume seu lado felino.

Até relaxar a mente e aproveitar o calor, levou um tempo. O álcool assumiu o controle durante esse tempo (e em alguns outros minutos), deixando-a em um nível de tranquilidade mais prazeroso. No momento em que dois corpos se atraem, não existe árvore genealógica, ética e moral nem bom senso. Se as duas pessoas querem, e se não estão chocando, invadindo ou ofendendo ninguém, não há porque domar o prazer, nem os sentidos.

Dias se passaram e nenhum arrependimento havia batido. A certeza dos seus atos havia voltado, e tudo o que ela fizera até então tinha sido tomado como correto. Porém, quando a certeza toma conta, uma chuva de incertezas cai, mesmo que não sejam suas incertezas. Palavras sujas, de desgosto e ressentimento foram ditas a ela, como se merecesse ouvir boas 'verdades' por agir livremente. O libertino falando da Lolita. O sentimento de posse do eixo da Terra, quando o único espaço físico que podemos dominar é o nosso corpo.

Ela continuou firme, pois só aqueles que tem a certeza dos seus atos segue firme no diálogo. Em pouco tempo as devidas desculpas foram proferidas, e a vida que seguia livremente, tomou um pouco de ponderação. Existem certas atitudes que atingem outras pessoas (pessoas que já foram muito atingidas, ou que são muito fracas), e querer ser correto exige pensar também em quem é atingido. Pensar que o ciúme do outro pode virar um câncer, ou que a raiva daquele pode estourar uma veia na cabeça.


Ela, livremente ponderada, pensando em tempo integral, pede desculpas. Mas também não se esquece de dizer que gostou muito, e que não está arrependida.


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Talvez se torne o conto da minha vida.

2 comentários:

Gustavo Pavan disse...

Nesse conto você conseguiu mostrar a menina que eu admiro muito em você.

Guilherme Pelodan disse...

Poxa, nem sei o que dizer, deveríamos fundar um novo grupo Beatnik! kkkkkk
o libertino falando da lolita! End, vc é linda! Beijos, parabéns pelo texto. Ele ainda pode ter mais detalhes em determinadas ocasiões mas parece que seu forte é com os sentimentos mesmo. Beijos. É bom descobrir e despertar essas forças ocultas que nos circundam. até!