domingo, 19 de janeiro de 2014

Reflexo do microondas

Desencadeado o pensamento está.
Fala pro espelho, se vê, se ouve falando,
dicção, pulmão inflado.

Hoje é dia de se olhar.
Colocar pra fora o passado que engoliu,
com ombro caído, olho inchado.

Descobri o que eu sentia
falando a mentira que eu ensaiei pro mundo.
Me pareceu tão vulgar, tão fraco.

Meu cérebro pediu a verdade,
e a verdade foi tão grande, tão intensa,
que eu chorei com a alma, com o corpo.

Uma espécie de passagem do tempo,
de constatação, de me reafirmar digna do passado,
e honrada de ter sido capaz de escapar do sufoco.

Um desabafo atropelado por palavras,
terminado por um desmaio gramatical,
cheio de arrepio e esperança.

Troquei meu ponto de vista,
vi que o erro não foi o que fiz,
mas como isso me fez me sentir sozinha.

É uma solidão que não existe hoje,
mas que eu berrava, pra quem quisesse,
que ela era latente, até então...

Queria sempre me sentir amada
por achar que estive sempre sozinha.
Mas a solidão não existe.

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