quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

CIDADE IV

Chove forte e a telha ultrapassa o limite do som.
Já não há música que abafe ou que emita sinal.
Fico lá fora, com o guarda-chuva, e observo.
Percebo a grandeza de se permitir dividir o momento,
eu e a chuva, a chuva e eu.
Hoje quem venceu foi ela, escandalosa, encorpada,
desceu gritando e espancando o que a impedia de tocar o chão.
Não sei o que ela tem com o chão,
parece não perceber a liberdade de ser livre
pra escorrer gritante pelo mundo.

Um comentário:

Leo disse...

Anos depois, ainda escreve verdadeira e incrivelmente bem.
Saudade de ler teus textos, end. Bom saber que continua.