domingo, 30 de março de 2014

deprêshow

Estou fadada a não viver um conto de fadas. Minha cabeça me boicota, viro um fardo na conta mensal do meu pai, sou um fardo na vida do meu namorado, e evito ser um fardo de depressão pros meus amigos. Quem me ensinou a não chorar perto dos outros é um idiota, mas me ensinou certinho. Hora ou outra eu choro no tempo errado, alguém que eu gosto vê e se assusta, se afasta pra pensar na própria vida.
Mas como eu posso culpar alguém por não gostar de ser companhia pra um peso morto? Até esse texto... é pessimista. Na real eu acho que chorar e se deprimir não devia ser um peso, mas esse é o olhar de quem tá dentro, de quem sabe que 85% do dia é alegria, e os outros 15% é tristeza, mágoa e dor.
Essa dor é tão doida que, mesmo criada pela cabeça, afeta só o coração. Me tira o apetite, me deixa sem sono, não me permite abrir a porta de casa (que nem minha casa é). Não me deixa esperar um minuto por uma resposta, não consegue me aquietar quando o 'visualizada em' aparece e nenhuma frase vem. É podre porque me deixa cega pra tudo positivo que tá perto, me faz colocar a doença como desculpa de tudo... me faz parecer fraca o tempo todo, quando só tô usando os meus 15%.
Existe um preconceito tão grande contra a depressão! Contra a síndrome do pânico então, nem se fala. "Nossa, saiu cedo do rock", "Meu deus, quanta chorumela!". Quando o assunto é sanidade mental todo mundo é crítico, é especialista. Quando o assunto é esse, a culpa é da carência do indivíduo mas ah! Só eu sei que não costumo ser carente nos 85%.
Mas de que importa saber de tudo sozinha? De que importa se fazer de durona grande parte do dia e morrer de chorar antes de [tentar] dormir? NADA. E é com esse nada que eu vou evitar chorar pra alguém hoje de novo, que eu vou magoar quem eu acho que amo de novo, e que eu vou ficar olhando foto de casa, pra tentar lembrar como é a vida, de fato.

Que saco é saber que o príncipe não vem, que o sapatinho quebrou, que a carruagem virou abóbora estragada e que minhas tranças não chegam no chão.

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